sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ensino....Privado!?!?!?






Ontem conversando com um professor de inglês antigo, ele me contava a experiência de dar aulas pra moçada mais jovem, dos seus 13 a 17 anos, e reclamava do comportamento na sala de aula, dos alunos.

Pois bem, ele falou que hoje é praticamente impossível você conseguir atenção da maioria dos alunos. Muitos deles ficam ouvindo fone de ouvido, outros brincando com aplicativos do Iphone, outros com netbooks , que ao invés de usá-lo como um beneficio na aula , não, descarrega fotos no mesmo e leva a aula para mostrar a seus amigos. Segundo ele, tem alguns alunos ainda, que colocam um foninho de ouvido em uma orelha, e com o outro ainda presta atenção na aula, e é participativo ainda.

Na conversa demos o nome ao grupo como adolescentes multimídia.

E pior, isso ocorre em uma escola particular, onde no começo do ano foi vetado a entrada de alunos com aparelhos eletrônicos, inclusive celulares, porém o veto caiu por terra com a manifestação dos pais desses alunos que achavam um absurdo não poderem levar eletrônicos que eles mesmos compraram para seus filhos “mostrar”. Então a escola atendendo aos pais retirou o veto e deixou na atual situação.

Esse professor deve ter por volta de 32 anos, e como eu fomos educados no método antigo de ensino, quando o ensino público ainda não era falido. Lembro que éramos educados por bons professores e qualquer coisa que fizéssemos em sala de aula, que não agradasse o professor, éramos penalizados, ou escrever uma “lição” inteira na lousa, ou ficar sentado num banquinho atrás da porta. As sextas feiras, depois das aulas todas, íamos para o estandarte da bandeira nacional, e cantávamos o hino nacional e o hino da bandeira e depois tínhamos meia hora de aula de educação moral e cívica.

Veja, estou falando do começo da década de 90, quando fiz meus primeiros anos do ensino médio em uma escola pública de minha cidade. Inclusive acho que passei por essa fase de sucateamento do ensino público, pois na 7ª série sai da pública e fui para a privada, para ter uma chance maior nos vestibulares da vida, e no meu último ano já estava piorando.

Atualmente mesmo em escolas privadas onde o ensino devia ser de melhor qualidade, não difere tanto das públicas. Isso tudo porque o ensino está sendo tratado como um negócio, e como é negocio as escolas precisam agradar seus clientes, e assim os pais agradados, se auto – enganam achando que seus filhos estão na escola aprendendo alguma coisa.

É claro que isso ainda é minoria, porém nas pequenas cidades como a minha, escolas particulares estão assim, e acredito que na maioria das cidades, por isso temos o êxodo de alunos dedicados que vão para grandes centros a procura de um ensino melhor.

É nítido e notório que precisamos de uma reforma drástica na educação, principalmente no público, para pelo menos ser competitivo ao privado e este melhorar também, afinal a competição estimula um melhor produto oferecido.

Visualizo ainda um colapso em nossa educação, porém isso é tópico para outro post.

Enquanto tivermos uma educação de péssima qualidade, teremos presidentes, governadores, prefeitos fazendo o que fazem. Afinal o semi-analfabetismo é diretamente proporcional a qualidade daqueles que nos governam.


1 Comentou. Comente você também.:

Gustavo Ferrari disse...

Rapaz... Nada muito diferente nos grandes centros.

Acabei de encontrar seu blog, li só esse post. mas posso afirmar que temos uma certa diferença de idade.

Entrei na faculdade com 17, em 2001.
Até comecei a fazer licenciatura em química, não dou aula. na verdade desisti quando percebi que:

1º Professor não é reconhecido nesse país - parece que não é profissão...
2º Escola pública em grandes centros? Há! me sinto mais seguro tirando dinheiro do caixa automático às 22h00 no centro
3º Escola particular não é lá muito diferente, a violência passa a ser mais intelectual do que física.

A "elite" do país espera que seus filhos tenha uma ótima educação mas tenham, também, total liberdade de expressão. Isso leva ao descaso dos pais em realação aos filhos. A TV "educa" as crianças e passa a ser função do professor, e não mais dos pais, dar toda educação ao filho. Entretanto a legislação não ajuda. O ECA e a LDB não dá poderes legais ao professor para que ele possa educar o aluno da maneira que os pais esperam. A função do professor É transmitir conhecimento (não só o do livro-texto, mas conhecimento de vida) mas a responsabilidade de E-DU-CAR também é dos pais!
E não adianta apenas gerar mais vagas em escola. Só o governo não é capaz de melhorar a qualidade do ensino. O problema está justamente em todo o conjunto de fatores. O aluno que tem sua vaga garantida no ensino não garante seu aprendizado. Os pais, com todo seu discurso liberal, esquecem de cobrar e os professores não tem esse poder E não é da alçada do professor fazer essa cobrança - A escola tornou-se um campo de concentração para a liberdade de expressão. - pois mesmo os casos em que não há aprovação automática dos alunos o governo dá mais incentivos financeiros às escolas com menos reprovação (pelo menos era assim quando eu estudei a estrutura do ensino brasileiro, por volta de 2002/2003).

Claro que estou sendo injusto com muitos alunos [Toda generalização é condenável] mas o sucateamento do ensino é visível! A preocupação que tenho com meus filhos (que ainda nem nasceram) e seu ensino já é real. Se as coisas continuarem como estão os professores não darão aulas nem para os interessados. Espero estar enganado, que as coisas mudem, que o governo acorde e que os pais TAMBÉM! Cobrar os filhos não significa mais fazê-los ajoelhar sobre o milho, ou colocá-los de castigo atrás da porta, mas sim exigir que saibam se portar no mundo, respeitando e partilhando o conhecimento e não apenas fingindo recebê-lo.

E para os trolls da rede: Faz tempo que eu larguei a licenciatura, posso até mesmo estar equivocado em alguns pontos. Mas o sentido geral se mantém, se não souber discutir civilizadamente eu concluo que você faz parte das pessoas que não aprenderam o que significa "viver em comunidade".