terça-feira, 6 de maio de 2008

Nova Era Glacial?



Tira, retirada do site Cyanide and Happyness


A que se deve o modo que as pessoas demonstram seu amor hoje em dia?!

Claro que não estamos mais na moda do romantismo, mas é incrivel como isso está virando praticamente um sentimento "extinto".

Hoje ter coração gelado é moda, como diz Renato Russo, a maneira de dizer eu te amo é "Fica comigo", valores estão deturpados, antigamente tinha trovas de amor, as famosas serenatas, declarações em público, e outras formas de expressar o que sente. Hoje não, salvo exceções, obviamente, temos programas que arrumam namorado(a), receber flores do namorado(a) então no trabalho, ou na frente de amigos? Virou motivo de chacota com a turma.

Podia justificar essa atual forma de demonstração de carinho/afeto, aliás, não demonstração na avidez pelo dinheiro, ou na escassez do tempo, mas também não penso que seja dois dos maiores motivos para o mesmo. Mais estranho ainda que cada vez mais mulheres, homens, usam dos meios mais artificiais possiveis para ficar mais belos, mais atraentes, numa competição voraz com o próximo do mesmo sexo para atrair o sexo oposto, mas então vem a pergunta, para que atrair? Será que estamos na época da caça de novo?

Ainda vou pensar sobre o que pode ter gerado esse novo esteriotipo de humano, onde quem dá demonstrações de sentimento ao amigo(a), namorado(a) é já titulado como idiota.

E olha que com o aquecimento global, deviamos ter menos corações gelados, mais calor, mais vida...mais não, parece que no interior das pessoas estamos começando a viver a era glacial, e infelizmente isso está virando um ciclo.


Update:
Um texto do Jabor dele que fala com maior complexidade e capacidade o que eu quis dizer acima.

Estamos com fome de amor
(Arnaldo Jabor)

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como:"Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase
etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí?

Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais,pra quê pensar nele.

Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out,que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor.


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