sábado, 3 de janeiro de 2009
Retrospectiva econômica de 2008
A cada 365 dias o calendário termina um ciclo. Mas esse ano foi além: 2008 marcou uma inflexão para a economia global, definiu o fim da trajetória de cinco anos de valorização para os ativos de risco e trouxe um exemplo prático de conceitos como volatilidade e perdas a quem não conhecia um bear market.
A crise assumiu proporções globais, com retração das economias desenvolvidas e tsunami financeiro. Por definição, crises são imprevisíveis; caso contrário, seriam evitadas. Poucos foram capazes de predizê-la. O economista Nouriel Roubini foi exceção à regra e já alertava para todas as conseqüências da farra com os ativos imobiliários de segunda linha, conforme revelou à Revista InfoMoney - Ações & Mercados, ainda em março, quando as bolsas batiam recordes e a sensação de que estávamos diante de um superciclo imperava.
No período mais tortuoso desde a Grande Depressão, instituições centenárias colapsaram, o desemprego nos EUA atingiu seu maior nível em 20 anos, o antes cultuado neoliberalismo deu lugar à mão agora visível - apenas para citar exemplos mais proeminentes.
Para os mercados emergentes, a tese do descolamento (ou da "marolinha", na versão brasileira) bateu de frente com a percepção de que a integração global existe de fato. Ninguém passa incólume à deterioração das condições de liquidez e às contas externas apertadas diante da retração da demanda dos outros países.
Agravando a situação, o preço das commodities assumiu idas e vindas nunca vistas. O barril de petróleo chegou a US$ 150, para terminar o ano próximo a US$ 40. No setor de mineração, outros extremos. Apenas como ilustração, o custo de transporte de materiais básicos - que afeta, por exemplo, a Vale - medido pelo Baltic Dry Index, atingiu recorde histórico para perder em seguida 93% (sim, 93%). Variações exorbitantes, mas alinhadas à percepção de que os excessos dos últimos anos, alimentados por falta de regulação e ganância desenfreada, precisariam ser corrigidos em algum momento. E foram.
Indo ainda mais do geral ao particular, o Brasil foi um caso sui generis. O País foi agraciado com o selo investment grade. Resolução definitiva do estrangulamento externo, controle da inflação e maior compromisso com o equilíbrio fiscal no longo prazo atestavam-nos como dignos da confiança do investidor externo. Avanços importantes, mas, em que pese a miopia do Governo em negar a priori, ainda insuficientes para fazermos atravessar a crise de tamanha magnitude imunes. O dólar disparou, o crédito foi interrompido e a atividade econômica dá sinais de desaceleração.
A boa notícia: a exemplo dos formadores de política econômica no exterior, o Banco Central e o Tesouro Nacional agiram para impedir impactos maiores sobre a economia. Diferentemente de outras crises, os governos parecem ter aprendido com os fantasmas de 1929 e atuaram rápido e de forma intensa.
Porém, o ano de 2009 deve reservar muitas dificuldades. As economias desenvolvidas lidarão com a recessão, as condições de liquidez não voltarão a ser como antes e a retomada das commodities será apenas gradual.
Junto à crise, caminham muitas oportunidades. Aproveitá-las só será possível com informação rápida e de qualidade.
Fonte: Infomoney
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Economia
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